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Três autores, quatro imagens, unidas por algo em comum. Esta secção é de todos os que lêem esta revista.

Se deseja participar, envie-nos um email com a seguinte informação para info@revistaperspetiva.pt:

  • Tema do mini-ensaio;
  • Texto que acompanha as imagens. O texto deve apresentar o tema, qual a abordagem que o autor se propõe apresentar e falar sobre o conjunto de imagens e as histórias por detrás das mesmas. Abaixo apresenta-se um exemplo de uma abordagem possível. O texto deve ter entre 1300 e 1600 caracteres (com espaços);
  • Quatro imagens redimensionadas para 3000px do lado maior, espaço de cor sRGB;
  • Uma fotografia de perfil com um mínimo de 1000px do lado maior.
  • A resposta às seguintes questões:
    1. Fotografa há quanto tempo? Desde quando fotografa?
    2. Qual o tipo de fotografia que mais gosta de fazer? Que elemento/sujeito mais gosta de fotografar?
    3. Em que local costuma fotografar mais frequentemente?
    4. Que câmera usa?
    5. O que é para si a fotografia?
    6. Que nome/apelido quer que usemos e onde vive.

Exemplo (.Perspetiva no. 10, jul/ago 2023)

Momentos de ouro

Texto e fotografias por Francisco Coimbra

Covão da Ametade, Serra da Estrela. Abril de 2022.

Primeiro é o deslumbramento: com a imponência dos gigantes de granito, imperturbáveis ao fustigar do nevão vespertino, contrastando com as gráceis bétulas bailando ao vento; ou, na serena manhã seguinte, com a delicadeza da neve suspensa nas copas, delineando a branco o caos dos ramos entrelaçados; ou com a beleza etérea do sol nascente, refletido a ouro no cântaro magro e no Zêzere juvenil.

E, logo, a hesitação entre fruir esses momentos memoráveis, ficando nesse  encantamento em que se tropeçou, ou registá-los sofregamente, para memória e  usufruto futuro… e a ansiedade de não conseguir captar a sua essência fugaz no sensor da câmara, de ficar naquela sensação de  inutilidade, de nada ter a  acrescentar ao que já foi feito…

Mas o tempo, que aqui rola sem urgência, permitirá, enfim, dirigir o olhar para a paisagem mais íntima, sentir a fragilidade e a solidão de um raminho preso no gelo, reparar no contraste da neve clara com o escuro da rocha dura, texturada, sulcada pelos matizes verdes dos musgos e líquenes, ou com o dourado madrugador que se espraia numa pedra ou numa poça de água, ou ainda ver o beijo que une os ramos de duas árvores vizinhas.

E, pouco a pouco, libertar-se das amarras do figurativo e encontrar emoção e sentido  na luz, nas cores, nas sombras e nas formas refletidas na água corrente ou numa fina camada de gelo fraturante – maravilhando-se com o belo que, na verdade, se descobre no interior de si – acabando a criar imagens pessoais com os elementos naturais, que, afinal, se encontram aqui e em qualquer outro lugar.

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